quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A questão Étnica e o racismo hoje!



Reupado a pedidos!
Por: João Deyvid;


Aqueles que me conhecem ou mantém contato comigo via web sabem que um tema recorrente de minha verborragia é a questão étnica, as relações etno-sociais, o Racismo e suas implicações, políticas, psicológicas e etc, esta discussão se mostra redundante em meu diálogo em decorrência de sua importância e do peso que esta tem sobre a sociedade, que na maioria das vezes fecha os olhos para esta problemática, é mais cômodo fingir que a questão da discriminação em nosso País é social, ou fruto de um sentimento de inferioridade do individuo negro, porém para aqueles que dedicam parte de seu tempo para um estudo sociológico, ainda que tenha como ferramenta de estudo o senso comum, fica visível um sistema excludentesegregador e explorador em nossa sociedade que tenta manter a sociedade negra estagnada e a margem dos direitos da pessoa humana, mas para adentrarmos no viés dessa discussão, temos que fazer alguns esclarecimentos:

Racismo o que é?

O racismo é um preconceito contra um “grupo racial”, geralmente diferente daquele a que pertence o sujeito, e, como tal, é uma atitude subjectiva gerada por uma sequência de mecanismos sociais.
Um grupo social dominante, seja em aspectos econômicos ou numéricos, sente a necessidade de se distanciar de outro grupo que, por razões históricas, possui tradições ou comportamentos diferentes. A partir daí, esse grupo dominante constrói um mito sobre o outro grupo, que pode ser relacionado à crença de superioridade ou de iniquidade.
Nesse contexto, a falta de análise crítica, a aceitação cega do mito gerado dentro do próprio grupo e a necessidade de continuar ligado ao seu próprio grupo levam à propagação do mito ao longo das gerações. O mito torna-se, a partir de então, parte do “status quo”, fator responsável pela difusão de valores morais como o "certo" e o "errado", o "aceito" e o "não-aceito", o "bom" e o "ruim", entre outros. Esses valores são aceitos sem uma análise onto-axiológica do seu fundamento, propagando-se por influência da coerção social e se sustentando pelo pensamento conformista de que "sempre foi assim".
Finalmente, o mecanismo subliminar da aceitação permite mascarar o prejuízo em que se baseia a discriminação, fornecendo bases axiológicas para a sustentação de um algo maior, de posturas mais radicais, como as atitudes violentas e mesmo criminosas contra membros do outro grupo.
Convém ressaltar que o racismo nem sempre ocorre de forma explícita. Além disso, existem casos em que a prática do racismo é sustentada pelo aval dos objetos de preconceito na medida que também se satiriza racialmente e/ou consente a prática racista, de uma forma geral.

Negro Racista?

O indivíduo Negro não pode ser racista, existe aí uma impossibilidade etimológica, um negro (até em auto-defesa contra a sociedade racista ) pode insurgir-se contra os brancos, mas aí teríamos um caso discriminatório e não racista, pois para cometer racismo (não confundir com o ato de discriminação) o sujeito da ação deve estar no topo da escala hierarquíca socio-histórica (como o branco) e do ponto de vista histórico, cultural e social não há efetivamente nenhuma probabilidade de que brancos no Brasil sofram racismo, na definição de racismo vemos que este deve ser seguido de uma série de mecanismos sociais, tal qual a doutrina católica medieval de que o negro não possuía alma, teorias sobre o baixa intelectualidade dos negros, demonização da cultura africana entre outros vários exemplos de ferramentas usadas para criar o afropessimismo (visão pessimista sobre os negros, seus costumes, estética e tradições, teorias criadas para manter o domínio branco em todas as camadas do convívio social e que perdura até hoje).

O mito da democracia Racial

O mito da democracia Racial foi criado pela elite Brasileira como forma de dominação, e arma para manter os negros e a sociedade em geral conformada com a situação do negro, desde o primeiro encontro entre o colonizador português, o escravo africano e o nativo indígena, a fábula das três raças é contada de geração a geração, propagando o fato de que o povo brasileiro é resultante da mistura entre brancos, negros e índios. Essa ideia traz em sua essência a crença de que o Brasil, fruto desta mistura, é um lugar onde as relações ocorrem de forma harmônica e pacífica, em um verdadeiro éden de respeito racial e humano.
Segundo essa tese, a partir da mistura da raça branca (superior) e da raça negra (inferior), haveria um melhoramento da genética dos brasileiros. Este ideal de branqueamento foi incutido na sociedade brasileira ao longo de toda sua história, de tal maneira, que levou o próprio negro à sua auto negação, levando a uma fragmentação das identidades raciais no país.
essa situação possibilitou às elites brasileiras, que comandavam o país, difundir a idéia de que o Brasil era livre de preconceitos e discriminação racial. As circunstâncias histórico-sociais apontadas fizeram com que esse mito manipulasse os mecanismos sociais através da defesa dissimulada de atitudes, comportamentos e ideais aristocráticos da raça “dominante”.
O mito da democracia racial possibilitou que uma das formas mais perversas de racismo se propagasse no Brasil, aquela mascarada pelo status democrático, cuja aceitação e compreensão das diferenças não passam de pura dissimulação.
Alguns estudiosos apontam que este mito teria sido um dos mecanismos de dominação ideológica mais poderosos produzidos no país, tanto que, apesar de toda a crítica que a ele foi feita, o mito permanece bem atual.

Racismo Hoje

Podemos constatar que o racismo é a representação de uma desigualdade étnico-racial que atinge o Brasil de forma vergonhosa e assustadora desde o período colonial. A raça negra foi cruelmente massacrada, humilhada e escravizada com base no racismo. Os livros de história contam detalhadamente os episódios de sofrimento e servidão deste povo, mas não expõem a história da África e do povo negro antes da escravidão. Existe uma grande lacuna a este respeito. Os livros didáticos, na sua grande maioria, dão maior ênfase aos episódios de humilhação e dor ocorridos com os negros no Brasil, mas não relatam as conquistas e como era a vida deste povo, quando em liberdade na África. Vale lembrar que, deste continente, surgiram grandes civilizações. A história desta raça, suas origens, cultura e antepassados, merecem respeito e atenção.A criança negra, na escola, só tem acesso à história de seus antepassados como um povo escravo, humilhado e inferior. Então, é compreensível que queira esconder ou anular suas origens e sua cor. Os colegas de classe dessa criança, pertencentes a outras raças, aprenderão o mesmo conteúdo racista, desencadeando todo um processo de preconceito étnico e racial. As escolas ensinam que os negros foram escravos e que, no dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel do Brasil e o conselheiro Rodrigo Augusto da Silva assinaram a Lei Áurea extinguindo assim, a escravidão no Brasil. Mas, a abolição não ocorreu efetivamente, pois, ainda hoje, o negro é visto como subalterno e de raça inferior. E, as principais mantenedoras deste "status quo" é a educação e a mídia.

Bibliografia:

FERNANDES, Florestan, O Mito Revelado, art. Publicado em Folhetim de São Paulo, 1980, reeditado na Revista Espaço Acadêmico Ano II nº 26 – 2003.
GUIMARÃES, Antonio Sérgio. Classes, raças e democracia. São Paulo: Editora 34, 2002.
DA MATA, Roberto – “A Fábula das 3 Raças ...” in Relativizando. RJRocco, 1987

2 comentários:

Anônimo disse...

Vlw por reupar estava ansioso pra ler e não conseguia seu link original, Abraço!

Diego@_

Anônimo disse...

ótimo texto!

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