terça-feira, 30 de novembro de 2010

Shade -o Homem Mutável

Por: João deyvid;



O bom filho a casa torna, após um longo período sem postagens de quadrinhos (questão de tempo), venho aqui com uma preciosidade que ofereço como presente –ou indulgência-aos visitantes periódicos e também os desavisados. Há uns dias após reler alguns arcos de Invisíveis (todas edições do volume 2) do Morrison tive uma epifania, um “lampejo eletro-psíquico ” (nem sei se existe tal termo) pensei : “O que vou ler agora?” as idéias propostas pelo autor sacudiram tanto meu cocuruto que meu cérebro parecia uma gelatina com algo vivo a se mover e tentar emergir . Qual HQ preencheria tal lacuna que invisíveis número 9 deixou em minha cabeça?. Foi então que vi entre meus scans uma série antiga do Milligan que ainda não tinha parado pra conferir: Shade -o homem mutável , um trabalho em parceria com Chris Bachalo, que tem um toque de surrealismo e um ar nonsense, o que posso dizer uma bela obra de arte que leva o leitor a uma montanha russa de idéias bizarras e imagens tocantes.

Quem nos guia nesse turbilhão é Shade um viajante de outro mundo que vai parar na Terra no corpo de um psicopata prestes a ser executado na cadeira elétrica, Shade se envolve com uma alcoólatra que teve seus pais assassinados pelo dono do corpo que agora habita. Os dois entram numa aventura “psicodélica” para enfrentar a “Loucura” chamada de “Grito americano”, um tipo de epidemia cósmica que traz para a realidade pensamentos insanos de quem é contagiado pela mesma; assim tem início o primeiro arco e vos advirto que a coisa só melhora, tanto na qualidade do texto, quanto na arte da revista, a HQ tem um estilo bem singular e o roteiro te leva a lugares bem incomuns como, por exemplo, uma batalha contra os clichês macabros de Hollywood e estátuas de presidentes mortos, é satisfação garantida, quem acompanhou Invisíveis, Umbrella Academy e Doom Patrol com certeza vai ter esta como uma de sua preferidas. No Gibiscuits tem Shade para download em cbr:
http://gibiscuits.blogspot.com/search/label/Shade
Boa leitura!!!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Entendendo o Dreadlock

Por: João Deyvid


O Dreadlock é uma forma de se manter os cabelos que se tornou mundialmente famosa com o movimento Rastafari, consiste em bolos cilíndricos de cabelo que aparentam "cordas" pendendo do topo da cabeça.
Ao contrário do que se pensa, os DreadLocks não nasceram com o movimento Rastafari (Os Rastafaris não cortam ou penteam os cabelos por motivos religiosos, baseando-se em citações bíblicas) e com Bob Marley, o uso de dreads é tão antigo que se torna impossível datar corretamente quando começaram a ser utilizados.
Mas o que se sabe é que povos que habitavam a região da Índia foram provavelmente os primeiros a se utilizar dos locks principalmente por uma questão de praticidade: os cabelos tornavam-se longos e era extremamente difícil corta-los, então, deixavam que se enrolassem e com o óleo natural do couro cabeludo torciam os cabelos para que conservassem uma forma cilíndrica, que diminuía o volume e tamanho do cabelo original. Porém os Dreadlocks tornaram-se famosos com o movimento rastafari.
Os Rastafaris não cortam ou penteam os cabelos por motivos religiosos, baseando-se em citações bíblicas.
Ao contrario do que muitos pensam os dreads não são anti-higiênicos, manter os dreads limpos é coisa fácil, é só não deixar os cabelos úmidos após lavar, simples assim.
Os não simpatizantes dos dreads são na maioria pessoas que não conseguem apreciar algo que fuja dos padrões de beleza impostos pelo venenoso Eurocentrismo vigente nesse mundo “ocidentalizado” e “quadrado”.
Ademais nos libertemos desses conceitos estéticos impostos. Existem várias formas de se "dredar" o cabelo, aqui vão algumas:

Tradicional

Este é o meio mais difícil de se fazer dreads, exige muita dedicação e o resultado costuma não se equiparar com o que se obtém através das outras formas. É recomendado que se tenha o cabelo crespo típico do negro africano, outros cabelos dificilmente manterão a forma. O Processo consiste em ir enrolando o cabelo com a palma das mãos formando os dreads. Este é o método utilizado pelos Rastafari.

Com cera

Este é seguramente o mais utilizado nos dias de hoje, funciona com qualquer tipo de cabelo. É necessário que o cabelo já tenha um certo comprimento, em torno de 10 cm, mas recomenda-se mais. O processo consiste em dividir o cabelo em setores de cerca de 2 cm, e pentear cada setor da ponta para a raiz com um pente de ferro visando embolar os cabelos. Depois de embolados todos os dreads aplica-se cera de abelha para fixá-los. Uma manutenção freqüente torna-se necessária para que os cabelos não soltem, que consiste em aplicar cera periodicamente e enrolá-los com a palma da mão.

Com agulha

Este processo é muito dolorido, mas resulta em dreads mais compactos e limpos. Divide-se o cabelo e penteia-se da ponta à raiz, como no processo com cera. Daí "costura-se" o cabelo com uma agulha de crochê. Algumas pessoas depois disso ainda aplicam a cera. Uma manutenção freqüente é muito recomendada, que consiste em re-costurar os cabelos com a agulha quando soltam alguns fios e enrolá-los com a palma das mãos. O que define o resultado dos processos, porém é a manutenção. Costuma-se dizer que os dreads ficam bons quando "travam", ou seja, quando não é mais possível solta-los. É recomendado lavar os cabelos regularmente com shampoo sem resíduos ou sabonete de coco, e depois secá-los muito bem com secador e ao sol. O comprimento do cabelo geralmente se reduz após a aplicação dos dreads, o quanto depende do tipo de cabelo.



Fonte de pesquisa: pt.wikipedia.org, www.rastafari.org.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Zumbi e a Consciência Negra!



Se pensamentos racistas puderem ser neutralizados para se compreender o feito de Zumbi, isso pode sinalizar o início de uma era em que ter descendência africana seria uma honra.

A história de Zumbi vai muito além de uma simples reação contra o racismo. Por mais de 80 anos Palmares foi uma entidade autônoma. Com preceitos políticos africanos, os líderes de Palmares governaram milhares de pessoas. Trabalhando com situações difíceis, há mais de 300 anos, foram heróis. Tiveram a oportunidade de governar, se organizar, socializar e procriar num sistema de vida social maduro.

Social e culturalmente, os Estados Unidos há muito tempo decidiram abandonar qualquer ilusão sobre nacionalidade comum e adotaram o seguinte sistema: pessoas das raças “branca” e “negra” vivem em culturas diferentes, com diferentes padrões de casamento e amizade – exceções acontecem, mas não em número suficiente para alterar práticas culturais. Para o americano branco, fazer parte da “raça branca” é muito mais importante do que ser americano. Um francês “branco”, nos Estados Unidos, seria mais bem aceito pelos americanos brancos do que um americano negro.

Embora esse sistema cause problemas para ambas as raças, ele tem tido o efeito de estimular uma mentalidade combativa entre os negros. Protestos em massa; um alto grau de consciência negra; e o firme propósito de chamar a atenção para a injustiça racial praticada pelos brancos, permitiram a ascensão do negro americano. Esse posicionamento fez com que muitos negros alcançassem um melhor padrão de vida, melhor até do que em outros países. No Brasil, a filosofia “democratizante” só serviu para tornar a consciência negra mais difusa.

As muitas variações de níveis de cor tornam difícil definir se a pessoa é branca ou negra, diferentemente do que ocorre nos EUA. Aqui, o mulato encontra “saídas” que o impedem de ter uma consciência negra. Por ter a pele clara, sua descendência africana não é tão levada em conta quanto nas terras do Tio Sam. Certamente, o dilema brasileiro é causado pelo fato de que atos e práticas degradantes contra pessoas de descendência africana sempre foram comuns. Podem até estar aumentando, com maior competição, mais imigração da Europa, influência cultural dos Estados Unidos e uma tendência cultural que força todos a serem brancos. Está cada vez mais difícil ignorar o preconceito com um comentário leve e bem-humorado de que a classe e não a raça é o que importa. As escolhas nesse dilema parecem ter elementos insatisfatórios. Dar a outra face nunca resultou em tratamento melhor da parte de pessoas racistas. Por outro lado, protestos de negros embora tenham potencial para melhorias, fazem muito pouco para promover igualdade entre as pessoas. A melhoria para os negros americanos tem sido acompanhada de preocupação racial, alienação cultural e bastante tensão entre negros e brancos.

Atualmente, tanto nos EUA quanto no Brasil existem pessoas que são racistas devotos e também aqueles para quem a descendência africana representa uma doença. Se as influências desses dois tipos de pensamento puderem ser neutralizadas pelo tempo necessário para se compreender o feito que Zumbi e outros representaram, isso poderia sinalizar o início de uma era no Brasil, em que ter descendência africana seria uma honra.


fonte: http://racabrasil.uol.com.br/Edicoes/106/artigo38880-1.asp