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Boa leitura!!!
Social e culturalmente, os Estados Unidos há muito tempo decidiram abandonar qualquer ilusão sobre nacionalidade comum e adotaram o seguinte sistema: pessoas das raças “branca” e “negra” vivem em culturas diferentes, com diferentes padrões de casamento e amizade – exceções acontecem, mas não em número suficiente para alterar práticas culturais. Para o americano branco, fazer parte da “raça branca” é muito mais importante do que ser americano. Um francês “branco”, nos Estados Unidos, seria mais bem aceito pelos americanos brancos do que um americano negro.
Embora esse sistema cause problemas para ambas as raças, ele tem tido o efeito de estimular uma mentalidade combativa entre os negros. Protestos em massa; um alto grau de consciência negra; e o firme propósito de chamar a atenção para a injustiça racial praticada pelos brancos, permitiram a ascensão do negro americano. Esse posicionamento fez com que muitos negros alcançassem um melhor padrão de vida, melhor até do que em outros países. No Brasil, a filosofia “democratizante” só serviu para tornar a consciência negra mais difusa.
As muitas variações de níveis de cor tornam difícil definir se a pessoa é branca ou negra, diferentemente do que ocorre nos EUA. Aqui, o mulato encontra “saídas” que o impedem de ter uma consciência negra. Por ter a pele clara, sua descendência africana não é tão levada em conta quanto nas terras do Tio Sam. Certamente, o dilema brasileiro é causado pelo fato de que atos e práticas degradantes contra pessoas de descendência africana sempre foram comuns. Podem até estar aumentando, com maior competição, mais imigração da Europa, influência cultural dos Estados Unidos e uma tendência cultural que força todos a serem brancos. Está cada vez mais difícil ignorar o preconceito com um comentário leve e bem-humorado de que a classe e não a raça é o que importa. As escolhas nesse dilema parecem ter elementos insatisfatórios. Dar a outra face nunca resultou em tratamento melhor da parte de pessoas racistas. Por outro lado, protestos de negros embora tenham potencial para melhorias, fazem muito pouco para promover igualdade entre as pessoas. A melhoria para os negros americanos tem sido acompanhada de preocupação racial, alienação cultural e bastante tensão entre negros e brancos.
Atualmente, tanto nos EUA quanto no Brasil existem pessoas que são racistas devotos e também aqueles para quem a descendência africana representa uma doença. Se as influências desses dois tipos de pensamento puderem ser neutralizadas pelo tempo necessário para se compreender o feito que Zumbi e outros representaram, isso poderia sinalizar o início de uma era no Brasil, em que ter descendência africana seria uma honra.
O antropólogo Kabengele Munanga, em entrevista exclusiva à Raça Brasil, faz um alerta contra a discriminação e os preconceitos raciais nas escolas. Professor titular do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, ele nasceu em 1942, na República Democrática do Congo e se naturalizou brasileiro em 1985.
Estudioso e pesquisador incansável da temática negra no Brasil, Kabengele lembra que um racismo caracterizado pelo silêncio criminoso e pelo falso mito de democracia racial impede a conscientização e a necessária mobilização da população. A saída? “Temos que encontrá-la juntos”, garante, buscando estratégias políticas e econômicas que visem ao bem de todos. Kabengele Munanga é autor de dezenas de livros, entre os quais Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil, da Editora Vozes. Ele também organizou a obra Superando o Racismo na Escola, publicada pelo MEC.
RAÇA BRASIL – Como o senhor avalia a situação da criança negra, hoje, no País?
KABENGELE MUNANGA – O racismo no Brasil mantém os negros em péssimas condições socioeconômicas e dificulta seu acesso à educação de boa qualidade e ao mercado de trabalho, entre outros prejuízos. A conseqüência disso é que as crianças, já maltratadas pelo baixo poder aquisitivo dos pais, também sofrem ao entrar no ensino público. O sistema foi construído com base na realidade da minoria abastecida, ou seja, da classe média brasileira. Assim, além de serem excluídas das escolas particulares, não recebem, nas unidades públicas, tratamento adequado ao seu desenvolvimento intelectual e emocional.
RB – Até na escola ela sofre desvantagem?
KM – Sem dúvida. Todos os preconceitos e as discriminações que permeiam a sociedade brasileira são encontrados na escola, cujo papel deve ser o de preparar futuros cidadãos para a diversidade, lutando contra todo tipo de preconceito. Mas, na prática, ela acaba é reforçando o racismo.
RB – E como o senhor explica esse processo?
KM – Na maioria das vezes, os professores não estão preparados para lidar com as diferenças e muitos deles já se mostram predispostos a não esperar o melhor resultado do estudante negro e pobre. E tem também a questão do programa curricular e do próprio livro didático, que, além de privilegiarem a cultura européia, transmitem preconceitos de várias naturezas: de classe, de cor, de raça, de religião... Tudo isso fortalece os mecanismos de exclusão e impede que a escola cumpra seu verdadeiro papel, que é o de educar, socializar e formar verdadeiros cidadãos.
RB – O racismo da escola é pior do que o das ruas?
KM – É igual. Mas torna-se mais grave na escola porque se trata de um espaço público, e o aluno está ali para aprender. Por isso, o preconceito tem um impacto mais direto sobre a criança. Esse racismo à moda brasileira — menos explícito que nos Estados Unidos — prejudica o processo de formação de consciência e mobilização da própria vítima.
RB – Até o ensino da História é discriminador, não é verdade?
KM – Para se ter uma idéia da gravidade dessa questão, o departamento de História da Universidade de São Paulo, a maior do País, até pouco tempo não tinha professor para ensinar História da África. Foi preciso que o movimento negro e outras entidades pressionassem para que isso acontecesse.
RB – As crianças negras não conhecem sua própria história...
KM – Exatamente. E isso aprofunda sua alienação. Ela abre os livros, lê a história de outros povos e não vê a sua. Ou seja, fica sem passado. Os outros povos estão lá: os portugueses, italianos, japoneses... A dedução natural dessa criança, ainda que inconsciente, é: não sou parte da História, portanto não pertenço à humanidade.
RB – E em relação à escravidão?
KM – Alguns livros didáticos falam do papel do negro no Brasil como escravo, mas não mostram sua participação concreta na sociedade brasileira, seu espaço na economia. O negro não trabalhou só nas plantações. Trabalhou nas artes, na mineração. Aliás, foram os negros que ensinaram aos portugueses as técnicas de mineração. Essas coisas não são ditas. O silêncio também é uma forma de racismo.
RB – Isso dificulta a construção de uma identidade nacional?
KM – Claro. A diversidade é uma riqueza e não deveria criar problemas. Não podemos construir a identidade brasileira a partir de uma única cultura, considerada superior, que é a ocidental. A criança precisa aprender na escola como os portugueses, os japoneses, os negros contribuíram para o desenvolvimento do País. E que nenhuma dessas contribuições é melhor do que a outra.
RB – A imagem negativa acaba interferindo no aprendizado?
KM – Muitas vezes a criança já chega na escola como derrotada. Ela já tinha a auto-estima baixa. Aí os preconceitos e as discriminações que aconteciam na vizinhança e na comunidade se reforçam e se repetem na sala de aula. Isso mina o processo de aprendizagem.
RB – Vem então a repetência, a evasão, a sensação de fracasso...
KM – Costuma vir também a constatação racista de que o negro é menos inteligente. Um completo absurdo. O que acontece é que a criança simplesmente não encontra no espaço da escola condições adequadas para se desenvolver intelectualmente. Além disso, existe o despreparo dos professores, o conteúdo dos livros didáticos, a discriminação, a cultura elitista. Tudo isso contribui para que essa criança se sinta insegura, desestimulada e acabe se mostrando incapaz.
RB – E as crianças brancas? Como se comportam em relação às colegas negras?
KM – Em alguns casos, reagem com certa estranheza, que pode ou não evoluir para um comportamento preconceituoso. Ninguém nasce racista. Crianças negras, em sua maioria, moram bem longe dos bairros de classe média branca. É difícil esses meninos conviverem. Com isso, brancos, negros, todos nós acabamos sendo vítimas. Um sistema social caracterizado pelo racismo precisa sempre criar novos racistas para se manter. Assim, a sociedade reproduz carrascos com pouca chance de escolha.
RB – Esse nosso racismo à brasileira, como o senhor chama, deve deixar a criança bastante confusa.
KM – A humilhação e os estragos são enormes. Eu costumo dizer que o preconceito é um iceberg, e a gente só vê a ponta. Nada é explicitado à criança, mas o tom da voz, os gestos ou mesmo o silêncio dizem que ela é um ser inferior. E o discurso, ao contrário, afirma que somos todos iguais. Precisamos assumir que somos um país racista.
RB – Como assumir?
KM – Temos o mito da democracia racial. Olhem o exemplo do Pelé. Dizem, é verdade, que o Pelé conseguiu ser respeitado, venceu vários obstáculos, tornou-se um ídolo. Mas sua ascensão tem limites. Hoje, por mais que quisesse, ele não seria eleito presidente da República. O preconceito existe e é muito forte. Alguns acreditam que a discriminação acontece apenas por razões econômicas, porque o negro, no Brasil, é pobre. Eu afirmo o contrário disso: o negro continua pobre e marginalizado, justamente por causa dos preconceitos.
RB – Dá para explicar melhor essa relação?
KM – As pesquisas comprovam: um cidadão brasileiro branco e um cidadão brasileiro negro com o mesmo nível de formação têm uma diferença salarial em torno de 30%. Já uma mulher negra ganha, em média, 46% a menos que o homem branco. Logo, há racismo na sociedade brasileira. E a primeira condição para se lutar contra ele é assumi-lo.
RB – O processo de mestiçagem no Brasil ajuda ou atrapalha?
KM – A mestiçagem faz parte da história da humanidade. Por todas as partes onde os seres humanos se encontraram, existem as relações inter-raciais. O que não existe é raça pura. Até populações em guerra, como os americanos e os vietnamitas, deixaram mestiços. E também não podemos ser contra as uniões, os casamentos entre pessoas de raças diferentes. O que preocupa, isso sim, são aqueles que se sentem derrotados diante do processo de dominação e buscam a miscigenação como única saída. Tentam “branquear” a família para sofrer menos. Temos que aceitar que somos racistas e lutar coletivamente até encontrar nosso caminho.
RB – Já avançamos no sentido de encontrar esse caminho?
KM – A transformação é lenta, mas conseguimos muitas coisas. Temos uma lei que pune ações racistas. Os editores de livros didáticos também já foram convidados a rever suas obras pelo Ministério da Educação. Existem mudanças curriculares aqui e ali, mas precisamos caminhar mais.
RB – Racismo na escola, na mídia, nas ruas... A família acaba sendo, então, o único porto seguro da criança negra?
KM – O papel dos pais é fundamental nesse processo todo, embora nem sempre eles consigam assumir os comportamentos adequados. Alguns negros se identificam tão profundamente com a imagem negativa de inferioridade que passam isso para os filhos. Os pais que dizem à criança que somos todos iguais, somos filhos de Deus também não ajudam a enfrentar a realidade. Ela vai encontrar obstáculos, discriminação, sem estar preparada para isso. Deveriam ensiná-la a lutar pelos seus direitos, não a baixar a cabeça. Um dos papéis fundamentais dos pais é o de reforçar a auto-estima da criança. Ela precisa gostar de si, saber que tem apoio e que pode derrubar muitas barreiras, sim. Ainda que seja difícil.
Diretamente do seu abrigo secreto nos subterrâneos do teatro Empire, ele e sua equipe única de assistentes vagam pelo globo realizando feitos incríveis de mágica e ilusão para ajudar todo aquele que estiver sofrendo com as correntes da opressão.
O personagem está em As Incríveis Aventuras do Escapista (formato 16,5 x 24 cm, 192 páginas), da Devir, uma verdadeira homenagem à história dos quadrinhos e, em especial, ao livro As Incríveis Aventuras de Kavalier & Clay, de Michael Chabon, no qual dois jovens quadrinhistas fictícios (inspirados nos criadores dosuper-homem) criam o Escapista no auge do surgimento dos super-heróis nos Estados Unidos dos anos 1930.
As HQs dessa edição foram escritas e desenhadas por diversos autores: Eric Wight, Howard Chaykin, Kevin McCarthy, Steve Lieber, Glen David Gold, Gene Colan, Scott Morse, Brian K. Vaughn, Roger Petersen, Harvey Pekar, Dean Haspiel, Jason Hall, Chris Offutt e Thomas Yeates.
A obra traz ainda a última história em quadrinhos produzida por Will Eisner, na qual o Escapista encontra o Spirit.
O "continente negro" celebra hoje , 25 de Maio, 47 anos desde a criação, em Addis Abeba (Etiópia), da Organização de Unidade Africana (OUA), em carta assinada por 32 estados africanos já independentes na altura.
O acto constituiu-se no maior compromisso político dos líderes africanos, que visou a aceleração do fim da colonização do continente.
No dia 25 de Maio de 1963 reuniram-se 32 Chefes de Estado africanos com ideias contrárias à subordinação a que o continente estava submetido durante séculos (colonialismo, neocolonialismo e "partilha da África").
Dessa reunião, nasceu a OUA (Organização de Unidade Africana). Pela importância daquele momento, o 25 de Maio foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1972, Dia da Libertação de África.
O dia representa também um profundo significado da memória colectiva dos povos do continente e a demonstração do objectivo comum de unidade e solidariedade dos africanos na luta para o desenvolvimento económico continental.
A criação da OUA traduziu a vontade dos africanos de converterem-se num corpo único, capaz de responder, de forma organizada e solidária, aos múltiplos desafios com que se defrontam para reunir as condições necessárias à construção do futuro dos filhos de África.
Entretanto, de todos esses pressupostos, é facto reconhecido que a libertação do continente do jugo colonial e o derrube do regime segregacionista do Apartheid, durante anos em vigor na África do Sul, foram eleitas como as tarefas prioritárias da OUA.
Como a OUA mostrou-se incapaz de resolver os conflitos surgidos continuamente em toda a parte do continente, os golpes de estado tornaram-se uma prática.
A construção de uma verdadeira unidade entre os países membros é ainda inexistente, sendo exemplos disto os golpes de estados e as guerras civis no continente.
Economicamente, os indicadores também estavam longe de serem animadores, concorrendo para isso a própria instabilidade militar e as múltiplas epidemias.
Assim, a 12 Julho de 2002, em Durban, o último presidente da OUA, o sul-africano Thabo Mbeki, proclamou solenemente a dissolução da organização e o nascimento da União Africana, como necessidade de se fazer face aos desafios com que o continente se defronta, perante as mudanças sociais, económicas e políticas que se operam no mundo.
Contudo, resolveu manter a comemoração do Dia de Africa a 25 de Maio, para lembrar o ponto de partida, a trajectória e o que resta para se chegar à meta de “uma África unida e forte”, capaz de concretizar os sonhos de “liberdade, igualdade, justiça e dignidade” dos fundadores.
Outro objectivo principal da UA continuará a ser a unidade e solidariedade entre os países e povos de África, defender a soberania, integridade territorial e independência dos seus Estados membros e acelerar a integração política e socioeconómica do continente, para realizar o sonho dos “pioneiros”, que em 1963 criaram a OUA.
Dos 54 estados africanos, 53 são membros da nova organização: Marrocos se afastou voluntariamente em 1985, em sinal de protesto pela admissão da auto-proclamada República Árabe Saharaui, reconhecida pela OUA em 1982.
Apesar de se registarem actualmente em África alguns conflitos de carácter político, pode-se dizer que a maioria dos países do continente possuem governos democraticamente eleitos.
De uma forma geral, os governos africanos são repúblicas presidencialistas, com excepção de três monarquias existentes no continente: Leshoto, Marrocos e Swazilândia.
Parcerias são formadas diariamente ao abrigo da NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento da África), um instrumento da União Africana que se baseia em relações e acordos bilaterais num ambiente de transparência, responsabilização e boa governação.
A África tem aproximadamente 30,27 milhões de quilómetros quadrados de terra. Ao norte é banhado pelo Mar Mediterrâneo, ao leste pelas águas do oceano Índico e a oeste pelo oceano Atlântico. O sul do continente africano é banhado pelo encontro das águas destes dois oceanos.
É o segundo continente mais populoso do Mundo (depois da Ásia), com aproximadamente 800 milhões de habitantes.
Basicamente agrário, pois cerca de 63 porcento da população habita no meio rural, enquanto somente 37 % mora em cidades. No geral, é um continente que apresentando baixos índices de desenvolvimento económico.
O PIB (Produto Interno Bruto) corresponde a apenas um porcento do produto mundial. Grande parte dos países possui parques industriais poucos desenvolvidos, enquanto outros nem sequer são industrializados, vivendo basicamente da agricultura.
O principal bloco económico é a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), formada por 14 países: Angola, África do Sul, Botswana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Ilhas Maurícias, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.